Cartunista também pode ser terrorista?

Cartunista também pode ser terrorista?

Cartunista também pode ser terrorista?

Se considerarmos o terrorismo como um complexo de práticas com alto poder destrutivo, podemos considerar terrorista qualquer pessoa ou grupo que não mede as consequências de seus atos, que irresponsavelmente atacam e destrói seus alvos, não só com fuzis e homem-bomba, mas com desrespeito, com deboche, com discriminação, com bullying, com homofobia, com xenofobia, com racismo.

Penso, que neste momento diante do lamentável ato terrorista de extremistas islâmicos, deveríamos refletir profundamente no significado e na prática terrorista. Senão não aproveitaremos bem a oportunidade para crescermos com isto.

Nada justifica o que extremistas islâmicos fizeram com os cartunistas na França. Eles foram vítimas do terrorismo, deste vírus, que nos infecta mesmo sem percebermos.

Precisamos combater o terrorismo, isso é lógico!

Mas, antes de tudo precisamos refletir profundamente o terrorismo para além do que estamos acostumados a ver na impressa jornalística, que limita aos extremistas islâmicos.

Todos os jornais e jornalistas defendem a LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Até aí tudo bem. Mas, nãos estariam confundido LIBERDADE com LIBERTINAGEM?

Quando expressamos nosso preconceito racial e étnico por meio de palavras e gestos discriminativos agimos com racismo e xenofobia, pois o alvo a ser destruído é a autoestima, o bem-estar do outro, que julgamos inferior a nós. Nossa prática racista e xenofobista é altamente destrutiva. Isso não seria TERRORISMO? E o que fazer com nossa “liberdade de expressão”?

Quando expressamos nosso preconceito e discriminamos homossexuais, pobres, nordestinos, gordos, magros, carecas, etc. fazendo inclusive piada disso, criando termos pejorativos com “veado”, “cabeça chata”, “baleia”, “macaco”, etc.

E ainda rimos “inocentemente” disso julgando normal discriminar, ofender aqueles que não se enquadram a qualquer padrão dito normal de ser e existir no mundo. Mais uma vez nossa “liberdade de expressão” não seria nociva ao outro, altamente destrutiva? Então por que não chamar isso de terrorismo?

Utilizar instrumentos de comunicação em massa, como jornal e televisão fazendo piada da religião alheia não seria terrorismo?

Qual o limite da “liberdade de expressão e da libertinagem de expressão”?

Precisamos combater o terrorismo, mas antes de tudo precisamos refletir sobre as práticas terroristas no nosso cotidiano, como aquelas disfarçadas de “liberdade de expressão”.

Marcelo Barreto